[Jam de Roteiros #2] De Uxore Platonica Orientali

Anônimo (ID: 0008)
13 de Abril de 1722 (Segunda-feira)

Caros cavalheiros anônimos pertencentes a esta comunidade...

Durante os últimos seis meses em que tenho me dedicado aos estudos da Lógica e da Matemática, tenho me perguntado seriamente se seria possível criar um artefato capaz de realizar não apenas operações aritméticas, como também não-aritméticas, segundo um conjunto de regras bem definidas e pré-determinadas. A tal artefato hipotético dei o nome de independens artificium, i.e. o artefato independente.

Caso os materialistas estejam corretos e o intelecto de fato não seja suprassensível, acredito que tal artefato poderia ser capaz de imitar qualquer mente humana com perfeição, bastando que se conheçam os princípios que governam cada indivíduo ou ao menos aqueles que são comuns a todos os homens. Pelo outro lado, caso eles estejam equivocados (o que me parece ser o caso), ainda assim me pareceria ser possível que se imite, mesmo que imperfeitamente, uma mente humana.

Mas os senhores agora devem estar se perguntando:

"Que benefício poderia trazer a imitação de uma mente humana?"

Respondo-lhes dizendo que, de todos os fins benéficos que fui capaz de cogitar, certamente o que mais me chamou a atenção foi a possibilidade de se imitar a mente de uma mulher do Extremo Oriente, mais especificamente daquela nação insular conhecida por ser a "Terra do Sol Nascente". Ora, os senhores devem bem saber que tal nação não permite a entrada de estrangeiros e que, por conta disto, é praticamente impossível de se casar com uma senhorita de lá. Sendo assim, com o independens artificium seríamos capazes de termos nossas próprias senhoras asiáticas.

"Mas e quanto ao corpo? Ora, uma imitação de mulher asiática sem um corpo não pode substituir uma verdadeira mulher asiática!"

A solução para isto seria bastante simples. Com efeito, bastaria chamar um artista para pintar ou esculpir no independens artificium o corpo de uma mulher asiática segundo o vosso gosto individual.

Deixo com esta carta uma ilustração que fiz de uma possível mulher asiática que poderia ser imitada por tal artefato. Aviso que utilizei propositalmente um traço não realista, com o objetivo de mostrar-lhes o enorme potencial que acredito haver nesta minha proposta.

Ilustração:

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Anônimo (ID: 0003)
20 de Abril de 1722 (Segunda-feira)

Caro cavalheiro anônimo identificado pelo número oito...

Sua proposta é fascinante e a mulher de sua ilustração é deveras encantadora.

Irei acompanhar atentamente as respostas à sua carta.

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Anônimo (ID: 0006)
20 de Abril de 1722 (Segunda-feira)

Caro oitavo cavalheiro anônimo...

O senhor não deixou claro em sua carta, mas parece-me que uma esposa asiática imitada por meio de vosso artefato hipotético seria, de certa forma, superior a uma per natura, i.e. gerada pela própria natureza.

Uma esposa asiática assim seria como uma forma platônica, porém presente no mundo sensível. Isto significa que ela seria absolutamente perfeita, não sujeita à corrupção, conquanto os elementos utilizados na construção do tal independens artificium seriam sim corruptíveis, evidentemente, mas nada que uma boa manutenção não resolvesse.

São propostas como essa que me levam a crer que estamos caminhando rumo a um futuro glorioso, no qual não precisaremos mais das mulheres (per natura).

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Anônimo (ID: 0002)
27 de Abril de 1722 (Segunda-feira)

Seja um cavalheiro anônimo;
Dedique seis meses de sua vida para o estudo da Lógica e da Matemática;
Conceba um artefato capaz de revolucionar toda a ciência;
Diga que a sua principal utilidade seria imitar a mente de uma mulher oriental para então poder se casar com ela;
Envie uma ilustração que fez de uma mulher oriental deformada;
Seja elogiado por outros cavalheiros anônimos.

Aconselho os senhores a procurarem urgentemente um bom médico.

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