[Jam de Roteiros #2] A Tarde

Música: Advertime

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Era uma tarde de sexta
Tomada pela angústia e o ócio
À sua frente, uma porta
Em sua posse, um relógio

Ao seu lado, uma janela
O sol da tarde por ela raiava
Angustiado, virou-se para ela
Olhava a paisagem e a admirava

A luz se encandeava pelas janelas dos edifícios
O brilho ofuscava sua visão
Mas para si não haviam artifícios
E insistiu a olhar, cobrindo a luz com a mão

O sol se escondia sob as nuvens
Raiando feixes de luz por toda a parte
Em volta de um céu azul
Vívido
Rodeado de pipas
Que voavam alto pelo vento da tarde
A vista alcançava os morros e edifícios
E ia além, de alguma forma
A imensidão da terra dominava o espaço urbano
E sua beleza irradiava por toda a cidade
O dia era perfeito...
O dia era lindo!

Já havia feito tudo que tinha no dia
Mas tinha que ficar, mesmo estando ocioso
O minuto final se aproximava
Contava os minutos e suava
Estava nervoso

Contava cada minuto
E contou...

...contou...

...até que finalmente, acabou!

Mas quem diria...
Havia chegado a hora
Talvez a melhor do dia:
a hora de ir embora!



Saía da sala com pressa
Tinha vontade de chutar a porta
Era tarde de sexta
Como estava lindo aquele dia
Queria aproveitar o que podia
E nada mais importa

Dos escorregadios pisos dos azulejos
as ásperas calçadas de asfalto
Caminhava com orgulho e desejo
Queria ver o fim do dia, olhava para o alto

Não tirava os olhos do céu
Tão lindo, tão radiante
Não resistiu e continuou
Andou
Saiu do ponto, deu mais passos adiante

De avenida a avenida
Havia um contraste no ambiente
O som de carros, motores
E o fluxo constante de gente
Mas isso não o incomodava
Na verdade, parecia até contente
Viu seu ônibus passar de lado
Achou estranho na hora
A si mesmo, que sempre esteve lá dentro
Agora o admira pelo lado de fora
De passageiro a ambulante
Que sentimento estranho...
...que sensação diferente!

Algumas lojas ainda estavam abertas
Olhava para algumas enquanto caminhava
Ouvindo o rangido de grades de cadeados
Pois naquela hora, o comércio também fechava

O põr-do-sol ocorria ao fundo
Sempre na hora prevista, como esperado
O céu descoloria de seu azul profundo
E dava lugar a um ambiente amarelo e rosado



Parou no sinal por alguns instantes
Olhava para o céu rosado, refletia sobre a vida
Voltou a um tempo de criança
O coração batia como nunca antes
Nunca passou por ali fora do ônibus
Exceto naquele dia

Entrava em uma praça e parou por um tempo
Os postes acendiam na sua frente
Declaravam o fim da tarde e o início da noite
Pois suas luzes acendiam automaticamente

A cidade se enche de luz por toda a parte
Sob o amarelo dos postes,
o verde dos semáforos,
os feixes brancos dos holofotes,
e o vermelho dos carros,
Piscavam e sinalizavam
Como vida, como arte!

E acabou a tarde...

...já era noite.

O som de buzinas e o medo
Assombravam a praça em que estava
Seus olhos mudam de alegres para desconfiados
Atravessaria a sua última estrada
Rodeado de motoristas apressados
E sujeitos que reuniam sua "rapaziada"

A lua brilhava intensamente
Admirou por uma última vez a atravessou

Finalmente!
Havia chegado em casa.

Admirava o luar de uma sexta à noite...
Até que enfim...



...o dia acabou.