Entrar
Últimos assuntos
» Retorno da GMBR!!!por theguitarmester Ter 19 Mar 2024, 22:38
» Procuro Programador de game maker
por Wou Sex 15 Mar 2024, 10:27
» Mod APK
por gamerainha Qua 13 Mar 2024, 06:30
» Mudar cor de apenas uma palavra
por lunalol Sex 01 Mar 2024, 13:42
» Aceito pedidos de sprites (Com exemplos meus)
por Sevilha Qua 28 Fev 2024, 12:17
» Inventário simples
por Isquilo_Roedor Qui 22 Fev 2024, 15:18
» Problemas na programaçnao de inimigo [jogo DOOM LIKE]
por Black Mirror Dom 11 Fev 2024, 13:34
» ANDROID MULTI TOUCH
por DiegoBr Dom 04 Fev 2024, 12:13
» Servidor de Discord do fórum?
por Lighter Sáb 27 Jan 2024, 17:18
» Save e Load Json
por Klinton Rodrigues Qui 25 Jan 2024, 11:12
» Colisão com mais de um objeto
por aminaro Seg 22 Jan 2024, 15:02
» Oi sou novo aqui
por Thiago Silveira Alexandre Sáb 20 Jan 2024, 20:55
» Como acessar conteudo comprado no marketplace
por macmilam Sex 19 Jan 2024, 07:42
» Devlogs em vídeos do Block Room
por Joton Seg 15 Jan 2024, 16:56
» Alguém aqui já ganha dinheiro com seus games?
por Joton Seg 15 Jan 2024, 16:49
» ACERVO GMBR MAGAZINE
por Joton Qui 11 Jan 2024, 19:21
» como aumentar o obj sem aumentar a colisão??
por GabrielXavier Qua 10 Jan 2024, 07:21
» Asteroid Core - Early Acesse Update [0.2.0.0]
por JOZ. Seg 08 Jan 2024, 14:39
» Versionamento de código com GitHub
por GabrielXavier Seg 08 Jan 2024, 07:32
» Rio Rise - novo launcher do Gta San Andreas SAMP Brasil
por kolesovsup Sex 29 Dez 2023, 07:16
» a funçao approach ainda existe?
por PEDRINDEV Ter 26 Dez 2023, 20:05
» Inimigo ataca até por trás! >:(
por saim Sex 22 Dez 2023, 08:55
» [RESOLVIDO]Spawn após morte
por Deception_1999 Dom 17 Dez 2023, 16:39
» Remunerado $$$ - Procuro programador para ajudar a "montar" um jogo
por theguitarmester Sáb 02 Dez 2023, 16:28
» Game maker nao abre
por Cerf Dom 26 Nov 2023, 12:01
O Filho de Niarbar
2 participantes
GMBR :: Projetos :: Idéias e Enredos
Página 1 de 1
O Filho de Niarbar
Meu servidor (Tibia) contará com uma extensa história, a qual foi inicialmente projetada para somente imergir o jogador nas missões. Entretanto, a ideia cresceu e se desenvolveu, dando origem a algo maior e bem-feito. Quando posteriormente eu criar o tópico revelando a verdadeira história - que não deixarei ligeiramente apresentada por conta de eu guardar planos para o gameplay - talvez vocês discordem quanto ao fato de ter originado algo grande; portanto, peço-lhes que até lá não produzam más impressões. Afinal, é como eu disse antes: guardo planos para o gameplay.
Enfim. Chega de papo e vamos ao conto (está simples, pois busquei alcançar uma forma de narrativa com foco na batalha e não no ambiente ou noutros detalhes). Não sou um exímio escritor e considero-me amador no ramo, pois não dedico muito tempo a isso. Escrita tais explicações, é certo dizer que considero a escrita apenas um hobby.
Enfim. Chega de papo e vamos ao conto (está simples, pois busquei alcançar uma forma de narrativa com foco na batalha e não no ambiente ou noutros detalhes). Não sou um exímio escritor e considero-me amador no ramo, pois não dedico muito tempo a isso. Escrita tais explicações, é certo dizer que considero a escrita apenas um hobby.
- O Filho de Niarbar:
- Era madrugada.
A Estalagem Rato Sorrateiro outrora fora agitada e de boa fama, quando em tempos passados a região não fosse temida e esquecida. O tempo passara, e o povo cada vez mais mentia, inventava histórias que, talvez, tivessem sido verdade. Mas em época como aquela tudo era fato; tudo era realidade. Os reis ficaram bobos, os lordes mais ainda e a população ouvia as palavras que os nobres diziam, pois, afinal, eles eram nobres e guardavam consigo a certeza. E isso levou a tempos tristes e de histórias feitas para fugir da mentirosa realidade que o mundo vira, despercebidamente, nascer diante de seus olhos.
Mas algumas das histórias menos conhecidas, daquelas que poucos se interessam em escutar, eram verdadeiras. Tão verdadeiras quanto o nascer e o pôr do sol todos os dias.
Era nisto que a misteriosa figura, deslizando como uma aparição pelo aposento, acreditava. Atravessou a porta num silêncio inaudível, impercebível. Somente o mínimo som dos estalos provocados pelo leve tocar dos pés descalços poderia ser escutado. E fora este tênue e insondável som que despertara o homem adormecido.
Ele não se mechou, tampouco deu sinais de que acordara. Aguardou a misteriosa figura aproximar-se e concentrou-se. Era impossível vê-la, mas era possível descrevê-la. De olhos fechados, notou o manto negro que cobria todo o corpo e o punhal escondido sob a manga.
Era suficiente. Desconcentrou e instintivamente respirou fundo e abriu os olhos, assustando a figura encapuzada e furtiva que despreocupadamente deu alguns passos para trás.
- Eu lhe encontrei. Finalmente, lhe encontrei.
O velho não respondeu. Sentou-se na cama e olhou para o canto do quarto.
- Está muito longe, não é? – perguntou a figura que, de voz doce e sedutora, revelou ser uma mulher. Seus olhos acompanhavam o do homem que por sua vez fitavam a espada embainhada ao lado do guarda-roupa. – Antes de se levantar você já estará com a garganta cortada.
Mais uma vez, o homem não respondeu.
Levou a mão para trás e, num movimento ameaçador, fez a mulher sacar o punhal e atirar-se sobre a cama, embora cuidadosamente ágil.
O homem jogou-se para o lado no momento em que a figura negra pousou na cama e rasgou o colchão, tendo tempo para se levantar e correr na direção da espada. A mulher tinha movimentos fluídos e ágeis, entretanto, como sabia o homem, ela pensasse estar na presença de um oponente muito inferior.
Ela retirou o punhal da cama e, ao virar-se na direção do guarda-roupa, lançou-o como uma faca de atirar, tão rápido que mal se pôde perceber o braço indo e voltando. O homem foi capaz de notar a ação e saltou no chão, caindo aos pés da lâmina embainhada. Puxou-a para perto, desembainhou a espada e largou a capa no chão, colocando-se de pé. A lâmina brilhante sibilou no ar e por um momento a mulher distraiu-se. A assassina tinha agora um segundo punhal em mãos, o qual não fora detectado pelo homem quando ela sorrateiramente entrara no quarto. Ela agitou o braço esquerdo e o capuz soltou-se, revelando uma armadura de couro batido que a maioria dos homens julgaria inapropriada para uma moça.
Ainda com o capuz em mãos, ela ergueu o braço e balançou-o, largando-o. A roupa rodopiou no ar e a mulher circulou-o numa velocidade que, por pouco, não deteve a defesa distraída do homem. As lâminas se tocaram e o tilintar metálico ressoou pela estalagem, enquanto ambas deslizavam-se obliquamente uma na outra. O punhal era relativamente menor e a mulher obrigatoriamente arriscou esquivar-se impulsionando para frente e saltando para o lado. Mas fora um erro.
O homem percebeu a força imposta pelo impulso e, quando conseguiu detê-la, dobrou os joelhos e chutou num movimento curto e contido, que derrubou a moça e a fez largar a arma. Ela gritou de raiva e rapidamente levantou-se num pulo, de olhos cravados no punhal. Tentou pegá-lo, mas o homem foi mais rápido. Fluidamente, ele deu uma estocada com a ponta da espada e certeiro atingiu a virilha da jovem, que gemeu de dor e cambaleou na direção da janela. Ainda de pé, ela recostou-se no vidro e apontou o punhal que resgatara por pouco na direção do rosto do velho.
- Como isso é possível? Parece ser velho e devagar... Mas é tão rápido quanto eu.
Ele mais uma vez não deu ouvido. Apenas encarou-a, de olhos negros e vazios, que agora pareciam verdadeiramente assustadores. Ele ergueu a espada, apontou-a para a jovem e segurou o cabo com as duas mãos. A moça respirou fundo.
Quando ele iniciou a curta corrida, a mulher agarrou com ambas as mãos o punhal e posicionou-o entre os peitos, numa vã tentativa de bloquear o ataque fatal que vinha lhe acertar.
Milagrosamente, a segunda estocada viera com menos impulso e o pequeno punhal a bloqueara, no entanto a força destruíra a janela e jogara os dois oponentes no monte macio de neve que os aguardava há sete metros de distância.
Quando atingiram o térreo, a mulher gritou e o homem afundou-se na terra, aplicando todo o peso do corpo sobre sua perna esquerda. Ele berrou e deitou-se de frente, esticando a cabeça com dificuldade para ver com clareza o estado de seu ferimento. Não havia nada exposto e não era tão grave quanto o ferimento na virilha da jovem, que tinha se levantando e cambaleava gemendo na direção da floresta.
O homem também se pôs de pé, mas seguiu a mulher andando. Não queria prejudicar-se mais ainda forçando para correr.
Ela enfiou-se no meio de duas árvores e adentrou uma cabana de pele, provavelmente armada por ela própria. O homem encaminhou-se calmamente pela trilha coberta de neve, enquanto começava a ter dificuldades até mesmo para carregar a espada. Quando chegou à floresta e olhou adiante para dentro da cabana, viu a mulher terminar de armar uma grande besta e apontá-la para ele.
- Fim da linha, desgraçado. Já viveu demais. Está na hora de morrer. Ao menos, morra com honra: com um dardo fincado em seu peito, assim como morreram seus antepassados – ela posicionou o dedo no gatilho. O homem apertou a empunhadura da espada.
A jovem gargalhou e ajoelhou-se, apoiando-se numa mesa tombada e encurvando-se. O dardo mirava bem no peito do homem, que continuara aproximando-se da cabana. Ela endureceu o corpo e preparou-se para atirar.
As corujas cessaram os pios e o silêncio foi absoluto.
A corda estremeceu. O homem ergueu a espada. Ouviu-se um agudo som de metais se chocando. O dardo desviou-se da rota original e rodopiou, acertando um tronco de árvore.
A mulher arregalou os olhos.
- Desviou... Desviou do dardo...
O homem fechou os olhos e respirou fundo, enquanto a moça observava-o, sem reação. Quando as pálpebras tornaram a se abrir, as pupilas estavam tão vermelhas quanto sangue. Ele caminhou na direção da cabana, apertando o cabo da espada com toda sua força.
- Por favor, deixe-me ir. Desculpe-me... – ela soltou a besta e engatinhou até o canto da cabana. Não era mais um homem de aparência velha; era agora uma figura soberana, de olhos tão assustadores que até mesmo o mais feroz dos reis não ousaria encarar. – Desculpe-me por duvidar...
- Duvidar? – perguntou o velho.
A jovem engoliu em seco.
-... De sua existência...
Luzes piscaram nas costas do homem. Na porta da estalagem uma multidão de pessoas o observava, empunhando tochas e inchadas. Quando notaram os olhos vermelhos destacados no escuro, imediatamente apertaram o passo, enquanto um deles gritou:
- Saia de perto da garota! Aqui você não vai matar ninguém! Não na minha estalagem, demônio maldito!
O velho olhou para a garota, com uma expressão indescritível; um misto entre raiva, ódio e preocupação.
- Parece que o filho de Niarbar não é só um boato, afinal... Você foi descoberto, e junto com você a prova de que os Ern-fáelad estão entre nós.
A perna estava quebrada. A luva encharcada de sangue rubro. Ele não conseguiria correr daquelas pessoas. Decerto, não conseguiria. A menos que...
Fechou os olhos. A mão acendeu e um brilho ardente e dourado expandiu-se por toda extensão da perna, cobrindo-a de misticismo, magia ou fosse lá o que mais – o que ali acontecia era coisa de lendas.
- Eu sou o filho de Niarbar, e assumo-o como homem, não como demônio. Conte a reis, lordes ou exorcistas, mas não creio que algum deles encontrará coragem suficiente para me enfrentar. Meus olhos são como a fúria do demônio e a noite é quando minha força desperta; somente nela eu aparecerei diante de homens comuns.
Os olhos brilharam intensamente na forma mais sanguinária até que, num rugido de dor, o filho do Ern-fáelad fincou a espada no chão e apoiou-se. O ferimento estava curado.
A moça encolheu-se mais ainda e escondeu o rosto com as palmas da mão. O homem, sem pretensão de cruzar caminho com os camponeses, de imediato agarrou a empunhadura da espada e retirou-a do chão, atirando neve nos utensílios presentes na cabana.
Ao virar-se para trás, notou os homens aproximando-se numa freqüência que aumentava cada vez mais. Não perdeu tempo. Segurou a espada numa posição para torná-la fácil de carregar e disparou colina acima, correndo com velocidade e agilidade incrivelmente impressionantes para a quantidade de neve que recobria a encosta da subida.
No meio da espessa névoa da noite, o filho de Niarbar desapareceu, e a moça aprendeu que nunca se deve mexer nem com as menos proferidas histórias. Ela despertara a fúria de um demônio e alertara os reis sobre sua existência. Alguns acreditariam, outros não; mas apenas o tempo contaria a verdade que, como sempre, era inevitável.
Os Ern-fáelad eram reais.
ManiacoBranco- Data de inscrição : 07/03/2011
Reputação : 8
Número de Mensagens : 157
Prêmios :
x 0 x 0 x 0
x 0 x 0 x 0
x 0 x 0 x 0
Re: O Filho de Niarbar
Um verdadeiro livro! Muito bom parabens pela sua históría! A propósito, porque não participa do concurso » [Caça-talentos] Seleção de roteiristas Tambem?ManiacoBranco escreveu:Meu servidor (Tibia) contará com uma extensa história, a qual foi inicialmente projetada para somente imergir o jogador nas missões. Entretanto, a ideia cresceu e se desenvolveu, dando origem a algo maior e bem-feito. Quando posteriormente eu criar o tópico revelando a verdadeira história - que não deixarei ligeiramente apresentada por conta de eu guardar planos para o gameplay - talvez vocês discordem quanto ao fato de ter originado algo grande; portanto, peço-lhes que até lá não produzam más impressões. Afinal, é como eu disse antes: guardo planos para o gameplay.
Enfim. Chega de papo e vamos ao conto (está simples, pois busquei alcançar uma forma de narrativa com foco na batalha e não no ambiente ou noutros detalhes). Não sou um exímio escritor e considero-me amador no ramo, pois não dedico muito tempo a isso. Escrita tais explicações, é certo dizer que considero a escrita apenas um hobby.
- O Filho de Niarbar:
Era madrugada.
A Estalagem Rato Sorrateiro outrora fora agitada e de boa fama, quando em tempos passados a região não fosse temida e esquecida. O tempo passara, e o povo cada vez mais mentia, inventava histórias que, talvez, tivessem sido verdade. Mas em época como aquela tudo era fato; tudo era realidade. Os reis ficaram bobos, os lordes mais ainda e a população ouvia as palavras que os nobres diziam, pois, afinal, eles eram nobres e guardavam consigo a certeza. E isso levou a tempos tristes e de histórias feitas para fugir da mentirosa realidade que o mundo vira, despercebidamente, nascer diante de seus olhos.
Mas algumas das histórias menos conhecidas, daquelas que poucos se interessam em escutar, eram verdadeiras. Tão verdadeiras quanto o nascer e o pôr do sol todos os dias.
Era nisto que a misteriosa figura, deslizando como uma aparição pelo aposento, acreditava. Atravessou a porta num silêncio inaudível, impercebível. Somente o mínimo som dos estalos provocados pelo leve tocar dos pés descalços poderia ser escutado. E fora este tênue e insondável som que despertara o homem adormecido.
Ele não se mechou, tampouco deu sinais de que acordara. Aguardou a misteriosa figura aproximar-se e concentrou-se. Era impossível vê-la, mas era possível descrevê-la. De olhos fechados, notou o manto negro que cobria todo o corpo e o punhal escondido sob a manga.
Era suficiente. Desconcentrou e instintivamente respirou fundo e abriu os olhos, assustando a figura encapuzada e furtiva que despreocupadamente deu alguns passos para trás.
- Eu lhe encontrei. Finalmente, lhe encontrei.
O velho não respondeu. Sentou-se na cama e olhou para o canto do quarto.
- Está muito longe, não é? – perguntou a figura que, de voz doce e sedutora, revelou ser uma mulher. Seus olhos acompanhavam o do homem que por sua vez fitavam a espada embainhada ao lado do guarda-roupa. – Antes de se levantar você já estará com a garganta cortada.
Mais uma vez, o homem não respondeu.
Levou a mão para trás e, num movimento ameaçador, fez a mulher sacar o punhal e atirar-se sobre a cama, embora cuidadosamente ágil.
O homem jogou-se para o lado no momento em que a figura negra pousou na cama e rasgou o colchão, tendo tempo para se levantar e correr na direção da espada. A mulher tinha movimentos fluídos e ágeis, entretanto, como sabia o homem, ela pensasse estar na presença de um oponente muito inferior.
Ela retirou o punhal da cama e, ao virar-se na direção do guarda-roupa, lançou-o como uma faca de atirar, tão rápido que mal se pôde perceber o braço indo e voltando. O homem foi capaz de notar a ação e saltou no chão, caindo aos pés da lâmina embainhada. Puxou-a para perto, desembainhou a espada e largou a capa no chão, colocando-se de pé. A lâmina brilhante sibilou no ar e por um momento a mulher distraiu-se. A assassina tinha agora um segundo punhal em mãos, o qual não fora detectado pelo homem quando ela sorrateiramente entrara no quarto. Ela agitou o braço esquerdo e o capuz soltou-se, revelando uma armadura de couro batido que a maioria dos homens julgaria inapropriada para uma moça.
Ainda com o capuz em mãos, ela ergueu o braço e balançou-o, largando-o. A roupa rodopiou no ar e a mulher circulou-o numa velocidade que, por pouco, não deteve a defesa distraída do homem. As lâminas se tocaram e o tilintar metálico ressoou pela estalagem, enquanto ambas deslizavam-se obliquamente uma na outra. O punhal era relativamente menor e a mulher obrigatoriamente arriscou esquivar-se impulsionando para frente e saltando para o lado. Mas fora um erro.
O homem percebeu a força imposta pelo impulso e, quando conseguiu detê-la, dobrou os joelhos e chutou num movimento curto e contido, que derrubou a moça e a fez largar a arma. Ela gritou de raiva e rapidamente levantou-se num pulo, de olhos cravados no punhal. Tentou pegá-lo, mas o homem foi mais rápido. Fluidamente, ele deu uma estocada com a ponta da espada e certeiro atingiu a virilha da jovem, que gemeu de dor e cambaleou na direção da janela. Ainda de pé, ela recostou-se no vidro e apontou o punhal que resgatara por pouco na direção do rosto do velho.
- Como isso é possível? Parece ser velho e devagar... Mas é tão rápido quanto eu.
Ele mais uma vez não deu ouvido. Apenas encarou-a, de olhos negros e vazios, que agora pareciam verdadeiramente assustadores. Ele ergueu a espada, apontou-a para a jovem e segurou o cabo com as duas mãos. A moça respirou fundo.
Quando ele iniciou a curta corrida, a mulher agarrou com ambas as mãos o punhal e posicionou-o entre os peitos, numa vã tentativa de bloquear o ataque fatal que vinha lhe acertar.
Milagrosamente, a segunda estocada viera com menos impulso e o pequeno punhal a bloqueara, no entanto a força destruíra a janela e jogara os dois oponentes no monte macio de neve que os aguardava há sete metros de distância.
Quando atingiram o térreo, a mulher gritou e o homem afundou-se na terra, aplicando todo o peso do corpo sobre sua perna esquerda. Ele berrou e deitou-se de frente, esticando a cabeça com dificuldade para ver com clareza o estado de seu ferimento. Não havia nada exposto e não era tão grave quanto o ferimento na virilha da jovem, que tinha se levantando e cambaleava gemendo na direção da floresta.
O homem também se pôs de pé, mas seguiu a mulher andando. Não queria prejudicar-se mais ainda forçando para correr.
Ela enfiou-se no meio de duas árvores e adentrou uma cabana de pele, provavelmente armada por ela própria. O homem encaminhou-se calmamente pela trilha coberta de neve, enquanto começava a ter dificuldades até mesmo para carregar a espada. Quando chegou à floresta e olhou adiante para dentro da cabana, viu a mulher terminar de armar uma grande besta e apontá-la para ele.
- Fim da linha, desgraçado. Já viveu demais. Está na hora de morrer. Ao menos, morra com honra: com um dardo fincado em seu peito, assim como morreram seus antepassados – ela posicionou o dedo no gatilho. O homem apertou a empunhadura da espada.
A jovem gargalhou e ajoelhou-se, apoiando-se numa mesa tombada e encurvando-se. O dardo mirava bem no peito do homem, que continuara aproximando-se da cabana. Ela endureceu o corpo e preparou-se para atirar.
As corujas cessaram os pios e o silêncio foi absoluto.
A corda estremeceu. O homem ergueu a espada. Ouviu-se um agudo som de metais se chocando. O dardo desviou-se da rota original e rodopiou, acertando um tronco de árvore.
A mulher arregalou os olhos.
- Desviou... Desviou do dardo...
O homem fechou os olhos e respirou fundo, enquanto a moça observava-o, sem reação. Quando as pálpebras tornaram a se abrir, as pupilas estavam tão vermelhas quanto sangue. Ele caminhou na direção da cabana, apertando o cabo da espada com toda sua força.
- Por favor, deixe-me ir. Desculpe-me... – ela soltou a besta e engatinhou até o canto da cabana. Não era mais um homem de aparência velha; era agora uma figura soberana, de olhos tão assustadores que até mesmo o mais feroz dos reis não ousaria encarar. – Desculpe-me por duvidar...
- Duvidar? – perguntou o velho.
A jovem engoliu em seco.
-... De sua existência...
Luzes piscaram nas costas do homem. Na porta da estalagem uma multidão de pessoas o observava, empunhando tochas e inchadas. Quando notaram os olhos vermelhos destacados no escuro, imediatamente apertaram o passo, enquanto um deles gritou:
- Saia de perto da garota! Aqui você não vai matar ninguém! Não na minha estalagem, demônio maldito!
O velho olhou para a garota, com uma expressão indescritível; um misto entre raiva, ódio e preocupação.
- Parece que o filho de Niarbar não é só um boato, afinal... Você foi descoberto, e junto com você a prova de que os Ern-fáelad estão entre nós.
A perna estava quebrada. A luva encharcada de sangue rubro. Ele não conseguiria correr daquelas pessoas. Decerto, não conseguiria. A menos que...
Fechou os olhos. A mão acendeu e um brilho ardente e dourado expandiu-se por toda extensão da perna, cobrindo-a de misticismo, magia ou fosse lá o que mais – o que ali acontecia era coisa de lendas.
- Eu sou o filho de Niarbar, e assumo-o como homem, não como demônio. Conte a reis, lordes ou exorcistas, mas não creio que algum deles encontrará coragem suficiente para me enfrentar. Meus olhos são como a fúria do demônio e a noite é quando minha força desperta; somente nela eu aparecerei diante de homens comuns.
Os olhos brilharam intensamente na forma mais sanguinária até que, num rugido de dor, o filho do Ern-fáelad fincou a espada no chão e apoiou-se. O ferimento estava curado.
A moça encolheu-se mais ainda e escondeu o rosto com as palmas da mão. O homem, sem pretensão de cruzar caminho com os camponeses, de imediato agarrou a empunhadura da espada e retirou-a do chão, atirando neve nos utensílios presentes na cabana.
Ao virar-se para trás, notou os homens aproximando-se numa freqüência que aumentava cada vez mais. Não perdeu tempo. Segurou a espada numa posição para torná-la fácil de carregar e disparou colina acima, correndo com velocidade e agilidade incrivelmente impressionantes para a quantidade de neve que recobria a encosta da subida.
No meio da espessa névoa da noite, o filho de Niarbar desapareceu, e a moça aprendeu que nunca se deve mexer nem com as menos proferidas histórias. Ela despertara a fúria de um demônio e alertara os reis sobre sua existência. Alguns acreditariam, outros não; mas apenas o tempo contaria a verdade que, como sempre, era inevitável.
Os Ern-fáelad eram reais.
ruben.23- Data de inscrição : 29/05/2013
Reputação : 10
Número de Mensagens : 212
Prêmios :
x 0 x 0 x 0
x 0 x 0 x 0
x 0 x 0 x 0
Re: O Filho de Niarbar
Obrigado pelo elogio, Ruben.
Verei se meu tempo permite uma participação notável no concurso. Achei muito interessante.
Abraços!
Verei se meu tempo permite uma participação notável no concurso. Achei muito interessante.
Abraços!
ManiacoBranco- Data de inscrição : 07/03/2011
Reputação : 8
Número de Mensagens : 157
Prêmios :
x 0 x 0 x 0
x 0 x 0 x 0
x 0 x 0 x 0
Re: O Filho de Niarbar
Disponha! Quanto mais gente participando de concurso melhor, assim a gente aprende uns com os outros! E cada um tem um estilo diferente, isso é bom, porque da mais opções aos diretores entende? Flws!ManiacoBranco escreveu:Obrigado pelo elogio, Ruben.
Verei se meu tempo permite uma participação notável no concurso. Achei muito interessante.
Abraços!
ruben.23- Data de inscrição : 29/05/2013
Reputação : 10
Número de Mensagens : 212
Prêmios :
x 0 x 0 x 0
x 0 x 0 x 0
x 0 x 0 x 0
Re: O Filho de Niarbar
Certamente, amigo. Eu iniciei a escrita de um roteiro, entretanto receio que o tempo de conclusão possa ser bastante extenso. Espero que neste tempo eu produza algo de qualidade e consiga postar aqui na comunidade.
Abraços.
Abraços.
ManiacoBranco- Data de inscrição : 07/03/2011
Reputação : 8
Número de Mensagens : 157
Prêmios :
x 0 x 0 x 0
x 0 x 0 x 0
x 0 x 0 x 0
Tópicos semelhantes
» [TUTORIAL] Como ser um(a) filho(a) engraçado(a)!
» [Willy Tutorial] Como fazer um filho!
» Nintendo All Stars [Projeto parado devido ao filho da p*** do meu computador]
» [Willy Tutorial] Como fazer um filho!
» Nintendo All Stars [Projeto parado devido ao filho da p*** do meu computador]
GMBR :: Projetos :: Idéias e Enredos
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
|
|